Foto do Arquitecto José Manuel Fernandes
Ontem,sexta feira,pelas 18,30,no espaço de World Legend, a Doutora Paula André apresentou a palestra "O arquitecto Raul Martins do Jardim Cinema e os seus colegas da Av. Álvares Cabral”
que será a primeira de uma série que faz parte do projecto de dinamização deste espaço.
A World Legend pretende revitalizar este espaço com iniciativas para que está directamente vocacionada,como o comércio de obras de arte, de mobiliário e antiguidades além realização de exposições de artes plásticas,como a que decorre e que junta Eduardo Néry e Sofia Areal.
Mas foi de facto a Palestra de Paula André que ali me levou, local em que seguramente não entrava há mais de três décadas...
Quanto à palestra a é de realçar a clareza com que foi apresentada aos circunstantes, já que os termos com que o fez foram,no meu entender, acessíveis a qualquer público.
Claro que o tema,pelo facto de ter sido o meu avô,o arquitecto Raul Martins o autor deste projecto,se revela do maior interesse, ficando logo à partida grato por esta escolha.
A princípio intrigou-me o subtítulo "dos seus amigos da Álvares Cabral",mas depressa se clarificou essa designação. De facto, nesta artéria encontramos obras de Raul Martins, de que penso existirem mais dois edifícios (um com um certo grau de certeza) bem como de Couto Martins,Cristino da Silva e Cassiano Branco.
Frente ao Pedro Nunes lá está o Jardim-Escola João de Deus, esse de Raul Lino, que eu entendo sempre não estar na mesma linha modernistas dos citados, nem de Cottinelli Telmo e Pardal Monteiro ou João Simões.
Não sendo eu arquitecto ou historiador de arte olho para o urbanismo com outros olhos...se bem que com o meu próprio entendimento estético.
Paula André apresenta uma tese interessante relativamente à questão das coberturas e à questão das práticas construtivas das edificações. Mas é essa mesma tese que nos leva sempre à resistência à modernidade que se atravessa sistematicamente à frente dos operadores estéticos...
Por serem as cidades e os mundos governados por gente que deixa muito a desejar é que somos confrontados com cidades que não nos servem para viver...
2 comentários:
O Jardim Cinema foi uma das salas de cinema da minha infância e adolescência, ali víamos sempre os dois filmes do programa, muitas vezes com os célebres cortes, que levavam a nascer os célebres apupos da plateia. A sala dividida entre a zona das chamadas poltronas na parte de trás e as célebres palhinhas ao longo da plateia, estavam sempre repletas de público. Existia também dois bares, um na parte superor do cinema e a outra na parte inferior do cinema onde nos refugiávamos para fumar um cigarrinho. E no dia em que descobrimos o célebre plano B, uma dezena de poltronas muito mais perto do écran, elegemos esse local como o nosso lugar preferido. È claro que antes de irmos para a sessão das 15,30 que durava a tarde toda, passávamos sempre pelo salão de jogos, onde nos deliciávamos com a pista de carros eléctrica, a 2$50 a corrida, cerca de 40 voltas ao circuito, se a memória não me falha. A arquitectura daquele espaço era/é fabulosa! Foi uma pena a sala de cinema fechar.
Cumprimentos cinéfilos
Rui Luís Lima
Gostei do seu testemunho...Estive no Pedro Nunes entre 62 e 69 e o Jardim Cinema ,além do que representa em particular,fazia parte das actividades de malandragem...
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